Inicia!

















































































07:30: O primeiro prêmio do dia vai para Professor Agostinho Chipula, o qual na parte da manhã faz jogging! E não usa terno e gravata.
Dos outros, até agora, nenhum sinal de vida 🙂
* * *
A agenda de hoje prevê: 09:00 reunião com Jacopo Fo. Tema do dia: contar histórias ouvidas, as próprias histórias, histórias inventadas, tudo. Um brain storming histórico!
A rodada de apresentações começa por Jacopo Fo contando histórias de sua infância, algumas histórias breves sobre os seus pais, descreve as atividades da Alcatraz, conta sobre sua carreira. Descubro, pela primeira vez que Jacopo começou a atuar no palco quando já tinha 30 anos. Descubro, por assim dizer, que Dario Fo e Franca Rame realmente revolucionaram a maneira de fazer teatro.
Descubro que entre nós italianos, nós da equipe, os intérpretes, alguns de nós não nos conhecíamos até ontem, descubro que todos nós temos uma bela lembrança ligada à Franca e Dario. Uma lembrança de um espetáculo em particular, uma sensação, um desejo de mudança. Franca contribuiu para a emancipação da mulher nos anos 60 e 70, Dario tirou o teatro dos grandes teatros e levou-o para as praças das cidades pequenas.
Hoje é normal assistir a um espetáculo teatral em uma praça. Nos anos 60, não era. Foi Dario Fo que “inventou”!
Em seguida, foi a vez dos meninos, um por um, eles se levantaram e contaram suas histórias.
Quem mais me impressiona?
O professor Chipula quebra o protocolo e inicia sua apresentação com uma oração de agradecimento a Deus. Sim, uma oração dedicada a Jacopo Fo: Agradeço a Deus e a você (dirigida ao Jacopo) pelo dom do conhecimento que ele lhe deu e que você transmite a nós.
Professor Chipula é um órfão. Ele diz que nunca conheceu o seio de sua mãe e que sempre bebeu leite de vaca. Ainda hoje, ele diz, quando vejo uma vaca sinto fome.
Conseguiu, no entanto, estudar, primeiro em Palma e depois em Pemba, e se tornou um professor de Português em Palma. Junto com Ana Bela fazem parte da companhia de teatro Funcionários.
Explica que o governo apela às companhias de teatro para passar determinadas mensagens sobre saúde e utilidades públicas para a população, eles escrevem o espetáculo e o leva para o palco.
* * *
Na parte da tarde, começamos a falar de “histórias”. Jacopo pede a todos que compartilhem uma história engraçada de suas vidas, como eles contariam a um amigo. A ideia é que deste modo, possa emergir uma atuação natural, o ator que está em cada um de nós.
Jacopo é muito claro sobre isso: eu não preciso ensinar vocês a recitar, vocês já são todos excelentes atores, aqui vamos tentar encontrar a melhor maneira de contar e quais os segredos para ganhar a atenção do público.
* * *
Quem mais me impressiona?
Arlete. Quando era criança vivia no bairro de Mafalala em Maputo, muito frequentado na época por bandidos. Um dia ouvem-se tiros, a família foge esquecendo que ela estava no quarto dormindo. Ela acorda, sozinha, ouve os tiros lá fora e faz xixi na cama, depois se esconde debaixo.
Ela se lembra de ter tido mais medo da bronca da avó, por ter feito xixi no lençol, do que medo dos bandidos.
Mas quando a avó voltou, abraçou-a apertando-a entre seus braços, e esta tornou-se uma das melhores recordações de sua vida.
* * *
O que comemos?
“Spaghetti alla puttanesca”, torta salgada de verdura e ricota, pimentão agrodoce, legumes crus e cozidos misturados.
Os rapazes confessam não estarem acostumados com muitas opções de pratos e que devagar provarão tudo.
Eu não tive coragem para dizer-lhes que o menu muda diariamente. 🙂
Inacreditável! Puttanesca em Português se diz puttanesca!