Teste de memória com Mario Pirovano

















































































Passamos a manhã sentados em torno de uma mesa para ler, reler, decorar e depois recitar o texto do espetáculo. E quando chegamos ao final, cinco minutos de pausa e começamos novamente.
Na terceira, quarta vez, o espetáculo se torna uma espécie de música que tende a levar-nos a um estado de meditação (eu obviamente não tenho falas, por isso, ouço apenas).
Os rapazes moçambicanos melhoram dia após dia, parece que a noite eles fazem mágica para assimilar as instruções recebidas no dia anterior. Definida uma posição dos atores para uma cena, no dia seguinte os atores se colocam lá, não precisamos quase nunca repetir uma coisa duas vezes …
Pense em uma predisposição genética para a arte, uma nova teoria … 🙂
Se pudéssemos fazer o mapeamento genético desses meninos, eu acredito que quase certamente encontraremos genes disfarçados de palhaços ou com suas máscaras tradicionais.
Se a comunidade científica não concorda, que venha ver com os próprios olhos!
* * *
Durante a tarde, comemoramos a morte de um parente de um dos atores indo à igreja, ao mesmo tempo em que em Moçambique está a decorrer o “funeral” oficial.
Uma canção na língua tradicional de Maputo, três orações, um discurso muito lindo sobre perder e o ganhar (claro que não se fala de dinheiro!), Mario que canta uma ode à morte, escrita por São Francisco de Assis, Bruno que faz a leitura de um poema.
Me deu um nó na garganta.
* * *
Noite. Prova do espetáculo mas falta energia. Reagrupo os atores em um círculo, abraçando uns aos outros, como se faz no rugby, e digo que eu entendo a tristeza deles e que, se eles quiserem eles podem desabafar na recitação. O teatro é assim …
A segunda prova é um rio na época das cheias. Pela primeira vez, os atores colocaram para fora a voz e um ritmo muito forte.
Também hoje, apesar de tudo, levamos para casa um bom resultado. Amanhã recomeçamos daqui.